Alerta para alimentação

setembro 21, 2020 /

 

*Aloma Maria

 

 

Já se passaram 6 meses desde que a pandemia da covid-19 se alastrou pelo Brasil e transformou a vida de toda a população. Muitos tiveram o desafio de readaptar sua rotina, tendo como um dos fatores mais influenciados a alimentação. O tempo maior em casa afetou a qualidade e a quantidade de comida consumida, relacionando-se também com a crise econômica e social que se instalou em muitos lares após a chegada do vírus no país.

Uma pesquisa do Ibope e Unicef, realizada em julho deste ano, apontou que 49% dos brasileiros sofreram alguma mudança nos hábitos alimentares durante o período de quarentena – em lares com crianças e adolescente esse percentual chega a 58% -, como o aumento do consumo de alimentos industrializados, refrigerantes e fast food.

Essa mudança no relacionamento com a comida trouxe à tona a evolução de outra epidemia, da obesidade que, além de causar doenças crônicas como a Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Melitus, pode aumenta o risco de morte em pacientes com covid-19 em quase 50%, com aponta o estudo realizado pela Universidade da Carolina do Norte.

A estimativa da Organização Mundial de Saúde é de que 2,3 bilhões de adultos ao redor do mundo estejam acima do peso em 2025, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade.

No Brasil, os dados são preocupantes: de acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2018, nos últimos 13 anos, houve um aumento de 67,8% dos casos de obesidade, e 55,7% de excesso de peso.

Visto isso, a boa alimentação, atrelada a prática de atividades física, está condicionada ao combate a obesidade.Principalmente no que diz respeito a diminuição do risco de complicações do Coronavírus.

O poder da escolha

Uma notícia publicada na semana passada, pegou profissionais, pesquisadores e estudantes da área de alimentação e nutrição de surpresa, a qual se referia a uma nota técnica do Ministério da Agricultura enviada ao Ministério da Saúde criticando e pedindo a revisão do “Guia Alimentar para a População Brasileira”, em especial sobre que é dito dos alimentos ultraprocessados.

O texto diz que: “A classificação é arbitrária e confunde nível de processamento com a quantidade e tipos de ingredientes utilizados na formulação dos alimentos industrializados. […] Esta regra de ouro (preconizada no guia) não alerta que uma alimentação que utiliza ‘sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias’ é perigosa”.

Sabendo que o elevado consumo de ultraprocessados, ou seja, alimento rico em calorias, sal, açúcar, aditivos químicos, corantes, conservantes e gorduras, aumenta o risco de deficiência nutricional, acarretando diversos outros problemas, é importante que a população esteja ciente do documento.

De acordo com o Conselho Federal de Nutricionistas “O Guia, atualizado em 2014, é um marco na história do país na luta contra a fome e obesidade no Brasil. A publicação do Ministério da Saúde apresenta orientações para que o brasileiro tenha a compreensão e a capacidade de decidir sobre o que comer. Inclusive, a regra de ouro apresentada no Guia orienta que as pessoas prefiram sempre os alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias no lugar dos ultraprocessados”.

Publicado em 2006 pelo Ministério da Saúde, o Guia faz parte de um conjunto de políticas públicas afim de evitar o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e outras doenças crônicas – em alta nos dias atuais -, apresentando orientações adequadas para a prevenção desta.


Utilizado como modelo para promoção da saúde em diversos países, o documento é visto como base para diversas iniciativas, como a discussão sobre rotulagem nutricional e a promoção de alimentação saudável em ambiente escolar.

Desta forma, é de extrema importância chamarmos a atenção da população para o Guia Alimentar para a População Brasileira, com o objetivo para saiba sobre o tipo de alimento que está sendo consumido e a prevalência do risco à saúde ao consumi-lo.

 

*Aloma Maria é jornalista. Nascida e criada em Nova Iguaçu, escreve quinzenalmente sobre alimentação e bem estar. Para os leitores que desejam mudar seu estilo de vida, ela terá sempre dicas e entrevistas com profissionais da área.